1ª Parte: fotografar ao ar livre
O que há para não gostar na fotografia macro (close-up)? Aproximar-se dos seus sujeitos e vê-los com mais detalhe é algo que desperta sempre o interesse, pelo que vale sempre a pena recorrer a algumas técnicas para o ajudar a melhorar na realização de fotografias macro. Antes de passarmos à fotografia, vamos rever algumas noções essenciais.
Primeiro, para obter os melhores resultados, precisa de uma lente macro. Isto não significa uma lente com ajuste macro mas uma lente macro adequada. Se está a pensar que tudo isto fica algo caro, não se preocupe, as lentes macro também têm muitas outras utilizações, o que faz com que representem um bom investimento. Por exemplo, a lente grande angular FUJINON XF60mmF2.4 R é uma excelente objetiva para retratos, com a sua distância focal curta e uma ampla abertura máxima. Igualmente, a nossa lente macro XF80mmF2.8 R LM OIS WR é também útil para retratos com preenchimento de enquadramento, imagens de produtos e natureza morta, e foram projetadas com padrões elevadíssimos!
De volta à fotografia macro: quando se trata de lentes macro, ouvirá frequentemente a definição ‘rácio de reprodução’, ou seja, 1:2 ou 1:1 (tamanho real). Por outras palavras, indica o tamanho em que a lente consegue reproduzir o que está a ser fotografado. Uma lente macro que oferece uma relação de tamanho real (ou 1:1) reproduzirá o objeto no sensor com o mesmo tamanho que tem na vida real. 1:2 significa que o sujeito será reproduzido com metade do tamanho, e assim por diante. A lente Macro XF60mmF2.4 R oferece um rácio de reprodução 1:2 e a Macro XF80mmF2.8 R WR LM OIS oferece um rácio de reprodução em tamanho real.
Agora que a primavera chegou e as flores estão a desabrochar, achamos que um passeio no parque mais próximo seria uma boa ideia. Veja o que encontrámos para fotografar com a nossa FUJIFILM X-T3 e a objetiva Macro XF80mmF2.8 R LM OIS WR:
Passo 1: Escolher o ângulo correto
Definir o ângulo correto é a primeira coisa a pensar, e pode fazer isso mesmo antes de tirar a câmara da bolsa. Pode procurar flores individuais ou pequenos conjuntos com algum espaço atrás para que possa criar um agradável fundo desfocado. Talvez seja melhor escolher também um local com sombra que não tenha luz solar direta. Procure um lugar abrigado, não vai querer que o vento faça mexer tudo à volta.
Encontrámos um lindíssimo ramo de jacintos de uva com vários pequenos botões de flores agrupadas para criar um padrão colorido repetido. Mesmo com 2-3 cm de comprimento apenas, representavam um sujeito desafiador.
Passo 2: O muito baixo
Os jacintos de uva estavam muito perto do chão, usamos, portanto, um tripé para obter uma boa composição. Utilizar um tripé é uma boa ideia: elimina a vibração da câmara, mesmo nas velocidades mais lentas do obturador e permite manter a câmara na mesma posição, o que é útil para controlar a sua composição. Se a sua câmara da Série X possuir um ecrã de abertura ou inclinável, este é um bom momento para o utilizar. Permite-lhe fotografar em posições muito baixas, sem estragar as costas ao tentar olhar através do visor.
Deve pensar também em usar um disparador remoto ou temporizador automático para evitar a vibração da câmara. Usamos a App FUJIFILM Camera Remote para acionar a câmara sem tocá-la.
PASSO 3: Foto de teste
Usamos uma velocidade de obturação relativamente rápida, de 1/250 segundos, para congelar qualquer movimento leve do sujeito devido à brisa. Ajustamos também o foco manualmente para obter um controlo total no ponto de focagem mais nítido. Depois de um disparo de teste, o ângulo e a composição pareciam bons, mas a luz era muito dura e de alto contraste. Isto pode acontecer quando está sol; uma luz muito melhor pode ser obtida em dias nublados. Mas nem tudo está perdido: tente usar um difusor portátil para suavizar a luz, reduzindo o contraste e as sombras.
Passo 4: Luz mais suave
Muito melhor! O difusor realmente ajudou a melhorar a qualidade da luz, mas o fundo pode estar um pouco focado demais. Talvez um fundo mais desfocado ajude a isolar melhor o sujeito em primeiro plano. Para isso bastará aumentar a abertura a partir da abertura atual de F16.
Passo 5: Melhor bokeh
Produzimos um bom balanceamento em F8. Continuamos a ver o fundo, mas é suave o suficiente para fazer com que o sujeito principal (já nítido) se destaque ainda mais. Depois de encontrar a combinação de configurações certa, faça pequenos ajustes do seu ângulo de visão para obter também algumas perspetivas alternativas.
Passo 6: Um pouco mais de perto
Gostamos dos padrões repetidos dos minúsculos botões das flores, por isso aproximamo-nos ainda mais, usando a capacidade extrema de grande angular que a Macro XF80mmF2.8 R LM OIS WR oferece. Também mudámos para o Modo Simulação de Filme Velvia para produzir um resultado mais profundo e saturado, mas era difícil realçar a tonalidade do roxo intenso sem subexposição – um problema comum quando fotografamos flores.
Passo 7: Utilizamos Color Chrome
A solução foi utilizar o efeito Color Chrome da X-T3. Ir para IMAGE QUALITY SETTING > COLOR CHROME EFFECT. Quando olhámos para o resultado um pouco mais de perto, conseguimos ver que há um hospede na flor. Consegue ver um pequeno besouro a tentar entrar num dos botões das flores? A capacidade de resolução da Macro XF80mmF2.8 R LM OIS WR é tão boa que se podem observar os grãos de pólen nas costas dos inseto. Coisas impressionantes.
2ª PARTE: Escalonamento de focagem e focus stacking
Um dos aspetos mais difíceis na fotografia macro é controlar o que está a ser focado e o que não está. A profundidade de campo (a zona de nitidez aceitável à frente e atrás do ponto de focagem) torna-se menor à medida que nos aproximamos do sujeito. Nas distâncias macro, a profundidade de campo pode ser de milímetros apenas, mesmo com pequenas aberturas.
Uma boa maneira de contornar este problema é o focus stacking – captar fotogramas com focagens ligeiramente diferentes e combiná-los com um software como o Photoshop para criar uma imagem completamente focada, com nitidez de frente para trás perfeita. Isto costumava exigir calhas macro especializadas que encaixavam na parte superior do tripé e deixavam a câmara deslizar para trás e para a frente, mas muitas câmaras da Série X incluem agora a funcionalidade de escalonamento automático de focagem, que alimenta o processo de disparo de diferentes fotogramas a diferentes distâncias de focagem.
Uma vez captados os fotogramas, podem ser montados utilizando um software da sua escolha. Nós usamos o Photoshop, mas há outras aplicações disponíveis, como o Affinity Photo e o Helicon Focus.
Passo 1: Escolha do tema
Esta íris é um sujeito gráfico forte, mas tem vários centímetros de comprimento, dificultando a focagem num único fotograma. Usamos, por isso, a funcionalidade focus stacking na X-T3 para captar vários fotogramas em diferentes pontos de focagem. Usamos uma objetiva macro XF80mmF2.8 R LM OIS WR e colocamos a câmara num tripé – em parte pela estabilidade e em parte para que a câmara permanecesse no mesmo lugar. Para que o escalonamento de focagem funcione bem, a câmara tem de ficar no mesmo lugar ao captar cada fotograma.
Passo 2: Focagem manual
O escalonamento de focagem desloca o ponto de focagem para trás, para o infinito. Então, a primeira coisa a fazer é concentrarmo-nos no ponto mais próximo onde queremos que fique nítido. Fizemos isso manualmente, ativando o Focus Peaking e o MF Assist.
Passo 3: Configuração do escalonamento de focagem
O escalonamento de focagem pode ser encontrado no menu SHOOTING SETTNG > DRIVE SETTING > BKT SETTING. Deslocar-se e selecionar FOCUS BKT. Existem três opções: FRAMES, STEP e INTERVAL.
FRAMES define o número de fotogramas captados entre o ponto de focagem inicial e o infinito. STEP define o número de alterações na distância de focagem entre cada fotograma, sendo que os números maiores representam maiores mudanças.
INTERVAL permite definir, se necessário, um atraso entre cada fotograma.
É preciso experimentar algumas vezes para chegar à combinação de configurações perfeita, mas as considerações a seguir deverão ajudar:
Quando o ‘Step’ entre fotogramas diminui, o número de fotogramas necessários aumenta.
Quando a abertura fica mais pequena, o número de fotogramas necessários diminui.
Quando a ampliação do sujeito aumenta, o número de fotogramas necessários aumenta.
Quando o tamanho de impressão/imagem aumenta, o número de fotogramas necessários aumenta.
Ao fotografar cenas macro, tente a seguinte combinação como ponto de partida: FRAMES 50, STEP 5, INTERVAL 2.
Passo 4: Pronto para fotografar
Defina a câmara no modo de disparo de escalonamento, defina o tipo de escalonamento para Escalonamento de focagem e está pronto para começar. Para evitar a vibração da câmara, acione o obturador com o disparador automático da câmara de dois segundos (como aqui) com um disparo remoto com fio ou usando a App FUJIFILM Camera Remote. A câmara captura automaticamente o número necessário de fotogramas, variando a distância de focagem à medida que avança.
Passo 5: Focus stacking dos resultados
Importamos as 50 imagens JPEG para o Adobe Photoshop CS 2017 utilizando File > Scripts > Load Files into Stack. Em seguida, na caixa de diálogo, localize e selecione as 50 imagens que deseja importar. Clique em OPEN e depois em OK. O Photoshop importará cada fotograma em camada separada num novo documento.
Passo 6: Juntar as camadas
Para o stacking das diferentes camadas, selecione-as todas (clicando na primeira camada na paleta Layers e clicando com shift na última), depois selecione EDIT > AUTO BLEND LAYERS. Escolha a opção Stack Images e clique em OK. Dependendo do número de ficheiros de imagem e da velocidade do seu computador, o processo poderá demorar alguns minutos.
Passo 7: Ajustes finais
Poderá notar algumas pequenas falhas causadas pelo processo de fusão, no entanto esperemos que não sejam muitas. Poderá corrigi-las nivelando ou achatando a imagem (Layer > Flatten Image) e usando as ferramentas Clone Stamp e Healing Brush.